domingo, 10 de junho de 2018

DIMENSÕES TÊNUES DO CORPO / Texto de Sérgio Veleda
Na Bioenergética de Alexander Lowen, bem como na origem em Wilhelm Reich, os bloqueios corporais são vistos como bloqueios emocionais presos na musculatura. Por isso nesse contexto ficou condicionado a liberação de um bloqueio com uma catarse emocional e corporal. Isso representa o nível mais superficial da questão. Pessoas viciadas em catarse nesse estilo, não chegam a irem ao fundo. Nos sistema de fisiologia sutil tibetano, chinês e hindu, a liberação é um fenômeno psicoenergético sutil. Independente de uma catarse dramática, cheia de efeitos dispersos; a liberação dos fluxos tênues do organismo necessita uma verdadeira entrega e relaxamento, ao contrário de esforço e catarse. Pessoas viciadas em catarse corporal, temem no fundo entregarem-se. O esforço catártico funciona como defesa e barreira contra uma entrega legítima, não performática. Seja uma liberação emocional e muscular, ou ainda sutil e psicoenergética (ao nível do prana, do lung), a experiência será de espaço, abertura, perda de limites. Exatamente aí se encontra o medo subjacente. Mas as pessoas se fixam nas suas fraquezas, medos, necessidades incuráveis para manterem sua identidade. Elas descarregam isso todo o tempo quando ativadas corporalmente, ou quando estimuladas por algo dramático. Agora, ao não tomarem esse caminho e sim seguirem pela via das sutilezas, experimentarão uma amplitude que lhes dá medo, pânico, pavor, por verem sua identidade desaparecer na abertura do espaço interminável. Elas se agitam em um surto histérico de pavor. E imediatamente a abertura, o espaço, é novamente preenchido por suas experiências emocionais viciadas, que enchem o espaço e reduzem a amplitude em um tenso e rígido ponto neurótico, que busca novamente catarse apenas para ter alívio dessa pressão interna, sustentada pelo pavor da entrega e da dissolução da identidade que perpetua a enfermidade. Jamais podem ir além da identidade, pois lhes dá medo se perderem de fato.

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